Lembranças...

Enquanto almoçava, falava-se na tv do "massacre do Montijo": um construtor civil que matou a mulher, a filha de 20, a filha de 9 e depois se suicidou, deixando em cima da cama cerca de 130 mil Euros. Recordaram também o caso do lutador de WWE, que matou mulher, filho e se suicidou em seguida.

Depois lembrei do documentário que queria ter visto ontem na rtp2, do suicídio colectivo de Jonestown. Lembrei do Baptista daqui da Consolação, que se suicidou. Lembrei do Márcio, amigo da Lena, que se mandou para debaixo de um comboio. Lembrei do irmão da minha avó, padrinho da minha mãe e pessoa de quem eu também gostava, que, num gesto completamente inesperado (tresloucado?) matou um homem e tentou suicidar-se depois. Sobreviveu por milagre (ou por castigo?) e ficou com o rosto totalmente desfigurado. Passaram 8 meses.

Lembro o quanto fiquei dividida, por ele ser sangue do meu sangue, o herói da infância da minha mãe, e por, no fundo, achar que ele merecia ter morrido. Seria melhor para todos. Lembro de ouvir as pessoas a falarem dele, a inventar suposições, procurar razões, chamar nomes. Lembro dos olhos da minha mãe, da relutância para falar da situação. E recordo que ela nunca o foi visitar à prisão, porque prefere guardar dele uma imagem feliz, que já não condiz com o bigode que lhe falta, com a língua e maxilar que ficaram destruídos naquele dia.

E penso em tudo isto e não sei. Fazer frente a Deus? Donos da nossa vida? Ou simples cobardia e egoísmo? Talvez isso. Certamente isso.

1 comentário:

JAM disse...

Eu preferia matar-me a mim mesmo do que matar alguém....porque acho que sobre a minha existência só eu tenho poder.
Mas não digo que o suicídio seja uma boa opção....é mais uma questão de cobardia...

Mas sobre tais coisas mais vale um gajo nem pensar....a vida já tem muita porcaria...não precisa de ajuda para ser mais negra e mal-cheirosa.