Paulo Coelho, Zaramago e Toy

Já antes aqui estive para falar de Paulo Coelho, quando o Macroscópio disse que Saramago (ou Zaramago!) não passava de uma versão rasca daquele para domésticas com aspirações literárias.

Sinceramente, não gosto do Saramago-pessoa. Nunca gostei. Irrita-me a forma como repudia a pátria que o criou. Irritam-me as suas teorias políticas e o facto de, no passado, ter censurado outros e irrita-me que ele tenha ganho o Nobel, em vez de ter sido o Lobo Antunes, por exemplo (lembro-me sempre de uma coisa que li algures, que dizia que antes se era repreendido por não usar devidamente a pontuação e agora é-se premiado!). Já para não falar das pessoas que fazem questão de comprar os livros dele, só porque ganhou o Nobel.

Mas gosto do Saramago-escritor. Adoro o "Evangelho Segundo Jesus Cristo" e o "Ensaio da Cegueira"! Gosto da ironia pensada, do ateísmo presente, das palavras simples. É um dos meus escritores de eleição. Obviamente, não o posso comparar à inteligência de Eça ou até à de Vergílio Ferreira (outro que me fascina) mas gosto, ainda assim. Porém, compará-lo a Paulo Coelho parece-me, no mínimo, incomparável.

Agora perguntam na Morada do Silêncio (minha leitura habitual pela beleza das palavras) se merecerão benevolência aqueles que citam Paulo Coelho. Certa de que o tenho feito ultimamente, senti-me visada, é claro. :)
A verdade é que, no fundo, sou só uma espécie de doméstica com aspirações literárias (vê-se bem pelo que escrevo!). Já li muito de Paulo Coelho, como li de Margarida Rebelo Pinto, e isto sim, parece-me comparável. Encaro estes dois autores da mesma maneira: não lhes reconheço nenhuma qualidade literária de maior mas gosto à mesma. Como aqueles filmes que não trazem nada de novo e de que passados dias já esquecemos o nome, mas que, na altura, até gostámos de ver.
Não fazem pensar muito, mas fazem sentir bem. E, às vezes é só isso que quero, sentir-me bem. Porque "pensar é estar doente dos olhos". :)

Confesso que ando mais selecta nas minhas leituras, mas não é a sobranceria da intelectualidade associada a um nome que é capaz de mudar os meus interesses. Acho até que talvez seja também por isso, que a palavra "intelectual" tem hoje na sociedade portuguesa um carácter pejorativo, mas isso é outra história...
Posto isto, devo ainda dizer que não gosto de Toy mas sei uma ou outra música de Tony Carreira. Isto significará o quê? Que gosto de Nicholas Sparks? :p

1 comentário:

Anónimo disse...

Partilho exactamente a mesma opinião!
E as 'intermitências da morte', já leste?