O ideal era que os meliantes fossem pretos de segunda ou terceira geração, à volta dos 20 anos. Isso teria um gostinho especial. Só que pretos de segunda ou terceira geração, à volta dos 20 anos, é muito provável que não sejam tão imbecis como estes sambistas. Aliás, o ideal absoluto consistiria num duo constituído por um preto e um cigano, ambos da Quinta da Fonte. Par mais lindo e sociologicamente consensual não é possível imaginar. Terem saído na rifa brasileiros desperados é muito bom, impecável mesmo, sendo até melhores do que os robustos ucranianos ou manhosos romenos. Isto não se resumiu a ter as armas apontadas e já está, não não, também tivemos sorte com a raça dos alvos.
A alegria sádica com que tanta gente recebeu a morte de um dos assaltantes do BES (que é testemunhada pelo Blasfémias), a excitação com que se assistiu ao tiro certeiro, o sentimento de justiça feita por saber que morreu um criminoso sem perda de tempo, a satisfação geral com o desfecho desta história nada têm a ver com o facto dos reféns terem sido salvos. Não se assistiu a tamanha festa nos restantes casos, em que todos, sequestrados e sequestradores, sairam são e salvos e os sequestradores foram julgados. O Estado de Direito é, em Portugal como na maioria dos países do Mundo, compreendido e apoiado por uma minoria. Estamos sempre a um passo da barbárie. A um passo. Bastará um político populista, com o devido apoio da comunicação social tablóide, para que a arbitrariedade do poder passe a ser a lei.
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