Carinho

Não sei dar abraços, de tão imperceptíveis (confirmam-mo). A alma está lá, o corpo envergonha-se. (do que tens medo ainda?) Talvez por isso o significado daquele abraço apertado, numa sala escura, em que éramos só nós. Damos sempre valor àquilo que não temos.

Fica-me porém a alegria autêntica dos pequenos gestos, de sempre, e nem por isso menores. Como brindar ao carinho entre dois copos de espumante ou de moscatel, tocar a ponta do teu nariz quando pensativa te quedas, a minha festa demorada no teu cabelo, perdermo-nos e rirmos da lógica do mundo, brincar com a tua mão como se minha fosse, ou comer bolinhas e magnuns de amêndoas no Largo que é nosso.

No nosso olhar cabem todos os abraços do mundo, sempre sentidos ainda que reservados para quando o resto não basta . Assim somos nós: sensíveis na medida do nosso tamanho. Temos uma palavra só nossa, que o resume e que todos os conceitos extrapola - a isso nós chamamos soldi.

(hoje o carinho vive nesta casa mas queria-te também aqui, para me chamares Mikas, ouvires os meus medos e rirmos de tudo o que não tem sentido).

1 comentário:

Papoila e Orquídea disse...

Muito bonito...

Sente-se o paladar a amizade pura.

(dá tempo à questão dos abraços...)

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