Convites, só isso

Presumo que sejas tu. Oiço-te os passos, de quem entra a medo e não quer ser notado. Talvez um interesse que te ficou, porque sei que te preocupas nem que seja minimamente, porque quiçá te resta o mesmo carinho que manterei sempre por ti.

Solto palavras na tua direcção, aquelas que me ficaram por dizer antes, por minha culpa, distracção, ignorância ou simplesmente por ser tarde demais. Por isso voem! Voem agora as minhas palavras sem descansar ou vão com o vento quando estiverem já mais cansadas. Peço-te que não lhes batas com a porta na cara, não depois de tanto trabalho a que se deram para chegar até ti. São palavras simples, nada complicado, nada de interrogações absurdas ou perguntas a precisar de resposta. Essas, já não as procuro. São palavras curtas como "desculpa", "obrigado" ou "sempre". Aceita-as. E se quiseres continua a responder-me com o silêncio. Não me importo, desde que saiba que as palavras chegaram até ti em condições.

E são também convites embrulhados em ternura, em memória da história de que sobram agora as doces memórias. Não, não convites desses, descansa. Estou bem ciente do meu lugar e da noção de tempo e espaço. Também já conheci o amor, lembras-te? Convites inocentes, de quem não deseja mais do que o teu abraço e o teu sorriso, quando fechas os olhos com mais força, como criança feliz. Não quero ser só essa história triste que um dia te angustiou e fez mais claros os teus olhos de choro. Quero continuar a fazer parte do teu riso e do teu sorriso, como amizade com distância recomendada, como pessoa ausente mas que existe para ti, quando me procurares. Por isso, deixa-me fazer-te todos aqueles convites que o tempo não me deixou: Queres ir comer um gelado? Queres ir passear no jardim? Queres ir jogar à bola, correr? Brincar de esconde-esconde? Queres ver uma comédia idiota no cinema e rirmos até doer a barriga? Queres ir nadar no mar? Não precisas de aceitar. Provavelmente não o farias. Mas sente-te convidada. Sempre.

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