Espectadora

Entre copos de sangria, debaixo de um Sol que consome, e com uma vista que reconforta, falam de mim. Falam porque já me conhecem e porque a amizade praticada diariamente permite destas coisas. Do que sou, do que gosto, como ajo. Das minhas características, do meu futuro, do meu amor. Escolhem-me futuros e histórias de filme, como aquela de encontrar, através de uma medalhinha que achei no chão, a minha alma gémea.

Falar de mim é ainda e sempre invocar o teu nome como inevitabilidade. Têm razão, Moisés de outro Egipto, abri e preparei o caminho. Tem vantagem que eu não tive. Mas não importa mais. Lembro assim tudo, de forma objectiva e retrospectiva, e oiço-as como espectadora de mim mesma. Acham que aparecerá ainda o homem que me virará do avesso. Rio e volto os olhos para o rio.

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