MPI (reencontros)

Um dia houve em que a levei para o pinhal num carrinho de mão e com a minha avó fomos, brincando entre os pinheiros, apanhar pinhas e caruma para queimar no forno. Um dia houve em que competia diariamente com ela, na primária, pelos melhores textos e desenhos. Um dia houve em que fomos grandes amigas.

Depois crescemos e ela mudou-se. Deixou de ser a Joana de lá e passou a ser a Joana de outro sítio, distante. Regressava no Verão, se regressasse, para alegrar a avó e beber do mar. Não pertencia agora àquela terra e àquele mundo. Como intimidade que já não se pode resgatar porque passada, sorri-me já só por educação e alinha em conversas que não dizem nada quando me encontra na praia. Quanto tempo já?

Hoje encontrei-a por lá e quando a vi retorquiu-me um "tudo bem?" esforçado e sem entusiasmo, com os tradicionais dois beijinhos que me arrisquei a dar. E só isso. Pergunto-me se o passado é assim tão longe que já não lembra ou se foi o medo do reconhecimento. Será que ela não entendeu que eu também não estava ali por acaso?

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