Sonho de uma noite de Marchas

Assomou então à janela. De um branco reluzente, erguido nas duas patas, focinho esticado a inspirar o ar povoado de sardinha assada, olhando fixamente para a lua, todo ele era orgulho e determinação, sem esconder o sorriso pateta que lhe nascia no rosto. Cá embaixo uma multidão de súbditos dava brados de alegria pelo seu regresso, olhavam-no comovidos e entusiasmados, braços esticados na ânsia de conseguir tocar o seu salvador desejado, salvas de contentamento, palmas frenéticas e fotografias, muitas fotografias, àquele por quem tanto esperaram. Ali estava ele, cão-rei a agraciar o povo com a sua presença. D. Sebastião regressou ontem, noite de Marchas, entrada triunfal em Alfama, encoberto pelo fumo dos grelhadores imensos, para recolocar o seu País na ordem.

(a fotografia que mais pena me dá não ter tirado...)

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