"Há muitas maneiras de morrer, há muitas coisas para matar. O que se tem de matar primeiro é o que está mais próximo de nós. O que somos obrigados a matar primeiro é o nosso amor. Depois já não é preciso, depois basta acabar.(...)
Onde antes havia dois, havia agora um. E então? Onde antes havia o barulho das palavras e o movimento dos gestos havia agora o silêncio e a quietude. E então? Onde antes havia a horrível ansiedade de não chegar nunca, de não alcançar nunca, de continuar só por continuar, agora havia um sentido, um começo. Não um começo para a frente mas um começo para trás, uma história feita acabada em segredo. (...)
Há muitas maneiras de morrer, há muitas maneiras de matar. Matar é fácil, mais fácil do que continuar, quando já não há sentido nem direcção por onde continuar, quando tudo é uma irrisória repetição do que já foi e o que já perdeu o sentido sem querer, pelo simples descuido de esquecer, e então o amor começa a doer e tem de se acabar com ele de qualquer maneira, porque já não há sítio para onde fugir, nem palavra para dizer, nem gesto, nem beijo que não saiba a ter sido e o corpo está a mais e o tempo não pode esperar. (...)
Só os animais continuam sem precisar de saber porque continuam, ele não."
Onde antes havia dois, havia agora um. E então? Onde antes havia o barulho das palavras e o movimento dos gestos havia agora o silêncio e a quietude. E então? Onde antes havia a horrível ansiedade de não chegar nunca, de não alcançar nunca, de continuar só por continuar, agora havia um sentido, um começo. Não um começo para a frente mas um começo para trás, uma história feita acabada em segredo. (...)
Há muitas maneiras de morrer, há muitas maneiras de matar. Matar é fácil, mais fácil do que continuar, quando já não há sentido nem direcção por onde continuar, quando tudo é uma irrisória repetição do que já foi e o que já perdeu o sentido sem querer, pelo simples descuido de esquecer, e então o amor começa a doer e tem de se acabar com ele de qualquer maneira, porque já não há sítio para onde fugir, nem palavra para dizer, nem gesto, nem beijo que não saiba a ter sido e o corpo está a mais e o tempo não pode esperar. (...)
Só os animais continuam sem precisar de saber porque continuam, ele não."
Pedro Paixão, Boa Noite
1 comentário:
"Há muitas maneiras de morrer, há muitas maneiras de matar. Matar é fácil, mais fácil do que continuar, quando já não há sentido nem direcção por onde continuar, quando tudo é uma irrisória repetição do que já foi e o que já perdeu o sentido sem querer, pelo simples descuido de esquecer, e então o amor começa a doer e tem de se acabar com ele de qualquer maneira"
Faz-me lembrar porque escrevi á dias um texto sobre me chamarem insensível...é mais fácil matar,sem dúvida.
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