Talvez fosse do nome que lhe deram quando nasceu. Não havia maneira de o provar mas ela poderia jurar a pés juntos que estava relacionado com esse nome que lhe calhou em sina, como maldição que a perseguia, pois agarrada ao corpo. Não gostava do seu nome e ,sempre que podia, evitava escrevê-lo. Quando tinha de se apresentar dizia que se chamava Maria, apenas Maria. Quando a chamavam pelo outro nome fazia um sorriso de esgar e desagrado, triste na certeza de não lhe conseguir escapar.
Enojavam-lhe os sons corporais, mesmo aqueles que eram seus. Não conseguia comer a sua refeição junto a outros sem ligar de imediato a televisão, para que não a ouvissem e, sobretudo, para não ouvir o mastigar ruidoso. Esforçava-se para não ir à casa-de-banho na mesma altura que as colegas de trabalho. Para não ouvir o som horrível do mijo a embater na sanita, o seu e o das outras, puxava o autoclismo ainda antes de começar - precisava de se sentir preparada.
Até mesmo na escola tinha sido sempre assim. Depois das aulas de Educação Física, já no balneário, não gostava de olhar os corpos nús e sem pudor das amigas, sentia-se envergonhada com tão pouca vergonha. Também por isso nunca tomaria duche em sítios assim, públicos. Intimidades dessas só em casa e sozinha.
Quando lhe apareceu o período sentiu-se a mulher mais suja à face da terra. O odor, a cor, o sangue que a enojava como escarro de velho. Nunca iria conseguir lidar com naturalidade com aquilo que insistia em a tornar mulher. Esses dias seriam para ela sempre um tormento e não havia três banhos por dia que resolvessem a questão.
Na adolescência tentou superar-se, resistir à espécie de fobia que tinha. Sobreviveu ao primeiro beijo. Primeiro achou nojento, aquela língua, muita língua, muito cuspo e micróbios, mas depois acostumou-se, não se sentia confortável mas pelo menos já beijava. O pior veio depois - um dia o seu namorado da altura, ainda hoje não entende como o conseguiu ele, convenceu-a a um acto mais arriscado na busca intensa do prazer, dele convenhamos. Ela não contava com aquilo, a sério. Já tinha ouvido histórias nos corredores mas ainda assim. Mas quando ele se veio na mão dela, ver aquele líquido viscoso a sair em jactos directo para os dedos castos dela, quase a fez vomitar.
Demorou muito tempo até se conseguir restabelecer desse trauma. Casou e foi desvirginada. Tem sexo regular, com uma regularidade de tédio, Quartas à noite e Domingos de manhã, às escuras, obviamente. É feliz assim ou, pelo menos, acha que sim. Porém, nunca teve um orgasmo. Continua a acreditar que é por se chamar Maria Pureza.
Enojavam-lhe os sons corporais, mesmo aqueles que eram seus. Não conseguia comer a sua refeição junto a outros sem ligar de imediato a televisão, para que não a ouvissem e, sobretudo, para não ouvir o mastigar ruidoso. Esforçava-se para não ir à casa-de-banho na mesma altura que as colegas de trabalho. Para não ouvir o som horrível do mijo a embater na sanita, o seu e o das outras, puxava o autoclismo ainda antes de começar - precisava de se sentir preparada.
Até mesmo na escola tinha sido sempre assim. Depois das aulas de Educação Física, já no balneário, não gostava de olhar os corpos nús e sem pudor das amigas, sentia-se envergonhada com tão pouca vergonha. Também por isso nunca tomaria duche em sítios assim, públicos. Intimidades dessas só em casa e sozinha.
Quando lhe apareceu o período sentiu-se a mulher mais suja à face da terra. O odor, a cor, o sangue que a enojava como escarro de velho. Nunca iria conseguir lidar com naturalidade com aquilo que insistia em a tornar mulher. Esses dias seriam para ela sempre um tormento e não havia três banhos por dia que resolvessem a questão.
Na adolescência tentou superar-se, resistir à espécie de fobia que tinha. Sobreviveu ao primeiro beijo. Primeiro achou nojento, aquela língua, muita língua, muito cuspo e micróbios, mas depois acostumou-se, não se sentia confortável mas pelo menos já beijava. O pior veio depois - um dia o seu namorado da altura, ainda hoje não entende como o conseguiu ele, convenceu-a a um acto mais arriscado na busca intensa do prazer, dele convenhamos. Ela não contava com aquilo, a sério. Já tinha ouvido histórias nos corredores mas ainda assim. Mas quando ele se veio na mão dela, ver aquele líquido viscoso a sair em jactos directo para os dedos castos dela, quase a fez vomitar.
Demorou muito tempo até se conseguir restabelecer desse trauma. Casou e foi desvirginada. Tem sexo regular, com uma regularidade de tédio, Quartas à noite e Domingos de manhã, às escuras, obviamente. É feliz assim ou, pelo menos, acha que sim. Porém, nunca teve um orgasmo. Continua a acreditar que é por se chamar Maria Pureza.
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