"Dentro do elevador com o bagageiro a quem não conseguimos esconder a premência do desejo, apesar de serem onze da manhã e o quarto ainda não estar feito. O quarto de dez lados - foste tu que os contaste - com varanda sobre a praça das palmeiras coberta de vento. À mesa do restaurante a empregada que nos sorri como se pudesse estar alegre por nós. No passeio os namorados beijam-se nas mãos, lembrando como a ternura se tornou tão rara. E tu resplandecente à minha frente sobre as ruas de mim desconhecidas.
Quando me telefonaste a dizer que não aguentavas mais, apanhei um avião e fui ter contigo. Não consegui adormecer com medo de não acordar, de perder o transporte. Tu não estavas diferente. Eras só tu, como sempre. Tínhamos tanto para nos contar que as palavras se atropelavam nas nossas bocax. Ali que ninguém nos conhecia podíamos andar como bem nos apetecesse, de mão dada, abraçados. Quase parecíamos namorados. Eu não queria ver nada em especial mas tu insistias em mostrar-me as belezas da cidade, as preciosidades. Eu distraí-me facilmente. Só queria saber de ti, dos teus olhos, dos teus lábios.
Fechados nos quarto dos dez lados todo o mundo morria de repente à nossa volta. Foram quatro dias e três noites e quando me deixaste no aeroporto, quando te perdi ao longe, chorei por me sentir sem ti, por me afastar de mim. A vida voltava lentamente com toda a sua injustiça e toda a sua verdade. Antes de partir lembraste-me que me amarias para sempre, que mais nada importava."
Quando me telefonaste a dizer que não aguentavas mais, apanhei um avião e fui ter contigo. Não consegui adormecer com medo de não acordar, de perder o transporte. Tu não estavas diferente. Eras só tu, como sempre. Tínhamos tanto para nos contar que as palavras se atropelavam nas nossas bocax. Ali que ninguém nos conhecia podíamos andar como bem nos apetecesse, de mão dada, abraçados. Quase parecíamos namorados. Eu não queria ver nada em especial mas tu insistias em mostrar-me as belezas da cidade, as preciosidades. Eu distraí-me facilmente. Só queria saber de ti, dos teus olhos, dos teus lábios.
Fechados nos quarto dos dez lados todo o mundo morria de repente à nossa volta. Foram quatro dias e três noites e quando me deixaste no aeroporto, quando te perdi ao longe, chorei por me sentir sem ti, por me afastar de mim. A vida voltava lentamente com toda a sua injustiça e toda a sua verdade. Antes de partir lembraste-me que me amarias para sempre, que mais nada importava."
Pedro Paixão, Amor Portátil
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