Tabu

Sinto-me dividida em dizer-to mas se não o dissesse agora acreditarias numa falsa verdade: não é um regresso ou uma conversão, é tentar desesperadamente tudo. Desculpa dizer-to com esta frieza de fase de negação ante toda a tua fé inabalável, mas não posso jamais acreditar em razões insondáveis ou fins últimos para o sofrimento e o mal. Sei que me tentas reconfortar mas esse é só o argumento plausível, mas ilógico, para o inexplicável, só porque precisamos fortemente de um motivo que nos tranquilize e nos permita viver em paz neste mundo condenado. Não há motivos que se excedam em si mesmos para justificar a loucura do Mundo e a dor dos Homens. Mas, neste momento, só me resta confiar. Confio em ti. E, mesmo que não me compreendas, mesmo que eu não te compreenda, agradeço-te com tudo o que de mais puro possa haver em mim e abraço-te na cumplicidade do que ficou e ainda nos basta.

(E, mais que a alguém, dói-me a certeza de saber que este será sempre um tema tabu entre nós...)