Bye

Às vezes é preciso que algo esteja longe para termos uma real perspectiva do seu todo. Às vezes é preciso que algo esteja perto e acessível para entendermos que sempre esteve longe. Tudo foi engano. Então adeus. Como um mendigo que reclama atenção e nem tanto a moeda, e nem mesmo o seu esforço sincero para te comover enquanto toca acordeão com mestria são bastantes.

És para ele importante: já te viu por estas bandas algumas vezes e gostava de te poder tocar a pele cálida e limpa da mão, que imagina quente e suave, como quando andava com a esposa pela mão antes de tudo suceder. Lembras-lhe a sua amada mulher e por isso ele nunca vai esquecer o teu rosto. Mas tu olhas para o lado, primeiro, depois, face à sua insistência, limitas-te a acenar a cabeça que não e esperas que ele se afaste. Sempre assim.

Quando voltares àquele café já não te vais lembrar do seu rosto embora ele não saiba esquecer o teu e ver-te seja a alegria do seu dia. Vais acabar por ignorá-lo todas as vezes, não vais perceber que foi a ele que atropelaram naquele dia em que ouviste um chiar brusco de travagem mesmo atrás de ti e louvaste os céus porque podias ter sido tu apenas uns segundos antes. Nesse dia ele ia convidar-te a ti, desconhecida, para jantarem. Um dia ele foi um homem justo que só quis a tua amizade mas foi por causa do teu desprezo que ele se sentiu muitas vezes mendigo. Então adeus. Nem vais dar pela sua falta. Adeus.

2 comentários:

JAM disse...

Bem, finalmente voltaram os textos tristonhos a que , de certa maneira, nos habituaste...
Já estranhava a sua falta, hei...tal qual um mendigo :P :D

Marisa disse...

LOL
Parece-me que este foi um texto pontual. Há conteúdos em que não vale a pena insistir. :)