...

É preciso amar-se muito.
Cansei-te. Cansaste-te.
Disseram-se coisas. Demasiadas. Resoluções. só o básico. não. escusas. nunca mais. não vale a pena. desisto. fartei-me. Sou má?
Há um vazio que me ficou no peito. Dói-me este vazio. Já não sei do meu coração. E ela virá dizer-me eu avisei-te, eu avisei-te. E ela virá perguntar-me quantas vezes antes, quantas vezes mais.
Porque o resto é moldável, mas havia isto, simples, belo, genuíno. Isto era maior e intocável na sua proximidade à perfeição, sem aqueles perigos incontáveis do corpo, fonte de riscos. Eu acreditava muito. Acredito na amizade chamada amor ou no amor chamado amizade com uma devoção que me ultrapassa, a fé que tu não sabes explicar. E não sei o que fizémos disso. A vida prossegue sem mim, tão fácil continuar, tão pouco acrescento afinal e só eu, patética, dramática, carente, noto a falta que me fazes, só queria que estivesses, só boa noite, só querida, fofinha, princesa, como no início, esses nomes que enternecem no hábito e que o teu silêncio foi calando. Só é já tanto. O que se perdeu?
Uma ferida gritante que não me deixa juntar palavras, que me faz andar para trás e para a frente sem conseguir chegar a lado nenhum neste texto, e que não me deixa ainda olhar-te nos olhos, sabendo que se o fizer desabo na tua frente. Não uma vã tristeza, não esse precipitado chamamento da desilusão. Agora já não sei. Não te quero afastar, não quero que te afastes. Fica. Sinto tanto a tua falta. Abraça-me e mostra-me que todas as horas ainda são úteis se passadas comigo. Não vás e canta a olhar para mim enquanto sorrindo deslumbrada te fito. Não desistas de mim. Gosto tanto, tanto de ti. É preciso amar-se muito para se sentir assim. Tens razão, isto, em cima da mesa, é amor. Ever after.

Sem comentários: