Este é aquele que tu tens



Disse-te que aprenderia a coser só para poder remendar o teu coração partido. Não aprendi a coser e, aldrabona e pouco hábil, pedi à costureira que se encarregasse de um trabalho que seria o meu. E depois desfiz tudo, ignorante e bruta que sou para conseguir tratar com delicadeza a preciosidade e raridade que a tua essência exige.

Aquele que tantos buscam, aquele que tantos tentaram remendar, dás-mo a mim, numa surpresa de entrega e reconciliação para a qual não estava preparada e pedes-me para não o partir. Há uma unicidade especial em ter-se o coração de alguém que me comove até onde poucos vão. Agradece-se? Faz-se para continuamente o merecer. Não o esquecerei.

Tenho maltratado tanto o teu coração com uma penosa consciência disso ainda que do mesmo não tenha a intenção. É difícil admitir a injustiça de um julgamento, sobretudo se também ele magoado de posse e ciúme. Mas as mãos escorregam e as palavras não voltam e aí a raíz de tudo o que se destrói inocentemente.

Embalo-te o coração, vaso seguro da intensidade das vidas, e prometo-me não mais te magoar. Quero cuidar do teu coração. Vou cuidar do meu coração, aquele me deste. Amigas.

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