Conversas: agora

Noto que o sentes igualmente. Também não sei porquê isto agora. Mas suspeito. Suspeito que foi o tempo que nos despiu a superfície e deixou à vista uma nudez que sempre procuramos encobrir. O tempo tem dessas coisas. E a distância também, que te deixa menos palpável, já não há o perigo das acções, não há o concreto. Suspeito que foi o tempo a colocar-nos frente a frente sem mais nada, mãos abertas carregadas da verdade. Porque já não há necessidades, já não há o impressionar, o satisfazer ou o surpreender. As pessoas dizem sempre que não mas é apenas isso, tão simples que até se resume a máxima de marketing - atrair, satisfazer e manter. O amor confunde tudo. Agora não. Já não precisas de aprovações, de discussões, de concordância, de censuras. Pensavas que não mas estava lá. Agora não. Sem manobras ou distracções. És o que és. Sou o que sou. Estou diante de ti e vejo-te.

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