Onde, essa luz?

Uma luz muito especial. Prende, amarra, singular e indirectamente directa. E não entendes onde possa estar essa luz ou esse magnetismo. De que falam? O que vêem? Desta vez és tu quem não entendes ou hás-de entender. Porque o que tu vez é escuridão, repetição, confusão e outros ãos. Uma terapia arrastada, exponenciada e tornada hábito para vencer fantasmas que ainda habitam. Mais tarde verdadeiro prazer, seriedade tornada brincadeira, jogo tornado realidade e uma indistinta noção da fronteira. Apontamentos para a loucura ou para a lentidão das histórias que te nascem debaixo dos dedos. Catarse, legado, concretização. Ou apenas o amor à palavra, mesmo que só te apareçam negras, curtas, iguais. De salvação e de morte, no poder imenso da escolha. Mas há essa intensidade que tu saboreias quando te escapam, há o ego efervescente de quem faz de conta noutra vida e que te enebria para uma teatralidade aumentada. Haverá realidade aqui? Existes sequer? O que vêem eles que tu não vês? Perdeste a noção de ti. Nada de falsidade ou humildade exarcebada, mas apenas uma lógica de comparação a que não te poderias nunca sujeitar. E todavia há fidelidade à tua escuridão, repetição, confusão e outros ãos. Não consegues fugir de ti porque só é teu o que consegues devolver. E só isso tem valor. O resto é isto. E apenas isto.

2 comentários:

I disse...

Só é teu o que consegues devolver... só é teu aquilo que devolves com toda a segurança e certeza de que é e será sempre teu. Mais uma máxima Marisa? Adorei!

Marisa disse...

Pois, acho que sou uma pessoa dada a máximas. :)

Mas atenção que essa de devolver tem por base os versos de "Sem Noção" de Deolinda, que estava a ouvir - "Tantas vezes quis ter também e aprendi não tendo ninguém - só é meu o que eu devolvi, Tu não tens a noção de mim e perdeste a noção de ti".

Mas, obrigada. Again. :)