A vida é interessante. Vamos estudá-la*

Sisuda, hirta, séria sempre, quase intensa, de política para cima, como ela disse cheia de enfado ou de triste desconhecimento - porque mo disseste apenas agora?. Respeito, respeito. Parecer. Responder de forma politicamente correcta, controlar, formalizar, formal. Que te empurrem e caírias. Que te magoem e não gritarias. Gritas, será que és das que gritam? Gostava de ver isso. O que é preciso para te arrancar uma palavra? Fala mulher! 

Ainda tens a ilusão do silêncio. Ou eles que a tenham, a de que o silêncio pode equivaler a sabedoria, palavras medidas e pesadas a encaixar em lado nenhum. Deixa escapar o nome de um ou outro livro. Básico. Começa pelo básico. Falar de livros e de filmes resulta sempre.  Graças a Deus toda a gente lê hoje em dia, nem que seja porcarias. Refere os clássicos, que dá logo outro charme, e os controversos, que alimentam a continuidade. Viagens agora.  Somos todos iguais afinal. Incita, provoca. Subtilmente, apenas o bastante para que se note o teu interesse maior e diferenciador. Mostra-te diferente. Os gestos certos, as mãos bem colocadas, do que és capaz? Tanto esforço. 

Engana-os a eles, se insistirem, mas não a ti. Para quê a certeza? Para quê a ocupação dos espaços vazios com palavras vazias? Eles que pensem, eles que achem. Não há nada de metafísico em ti, nada de culto, só o palpável com as tuas mãos afundadas na terra. Isso é o real. A tua vontade de lhe tocar é real, física e atormentada. Seria complicado seres homem, mais ainda seres humana. Mas há aqueles pormenores que ainda te surpreendem, pequenas peculiaridades que te despertam. Um animal que lhe quer trincar o pescoço, puxar o lenço, apertar, agarrar. La. Ela.

No que pensas neste momento, com o olhar calado e fixo em lado incerto? O que queres ver ou o que não encontras? Andas à procura? De quê? O que significa quando sorris? Eles que pensem, eles que imaginem. Tu não sabes.

* Jorgen Leth

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