Este é o meu corpo. Este é o meu sangue.

A transparente e tão física relatividade de tudo. É crónico, tem aquela penosa continuidade no matter what, mas ainda assim não é uma sentença. Há probabilidades reais, há o histórico, há as histórias, mas há a esperança. Os pulmões, o coração, o cérebro, mas há essa esperança. O passo cada vez mais demorado, o olhar cada vez mais cansado, cada vez menos sorrisos. Cada vez, de cada vez. Pensar insuportavelmente nisso todos os dias. Ninguém precisa de saber. As veias a não aguentarem, veias a rebentarem, os braços negros, marcados, picados, a falta de espaço e agora a mão. Agora também a mão profanada, violada, enrolada em ligaduras e tempo lento. Este é o meu sangue. Meu. A consciência de mal necessário, mas como pode, qualquer que seja o mal, ser necessário. Mas a relatividade e não deixar de caminhar. Figuradamente, literalmente. Não se tem um corpo. É-se um corpo. Aquele é o meu corpo.