O engano das palavras

Escrever sobre ti e ela a pensar que sobre ela, com direitos de autor. As palavras enganam, tem razão. As palavras são esses labirintos traiçoeiros, vais onde conseguires ir sem te perderes. Avança se não tens medo. O grito é meu. A posse a morder-te os calcanhares. A posse a sussurrar-te ao ouvido. Lidar com ela, com a falta dela, com a sua insistente presença. Animais em stand-by. As palavras que te desviam e te confundem. O Inverno e a lembrança de uma piscina. Um cheiro como mirtilho e jasmim junto ao cabelo e aquele jeito. Assustar-te-ei. Eu sei e você não sabe. Mas o conforto do seu pijama e o nariz frio a tocar-me o rosto. Mas o seu pulso imaculado e o meu pecado tão ansioso. As palavras são seres misteriosos que não se deixam tocar. Metade sonho, metade ficção. Onde cabe a tua realidade nesse intervalo? Ela tem razão, os números, esses, não enganam. Mas tu nunca gostaste de números. Foi por isso que tiraste Gestão. É por isso que tens de continuamente te lembrar das palavras. Do seu engano. Ou do teu engano.

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