Dearly: you're so very special

Comove-me a nossa sinceridade, a liberdade com que nos vamos sabendo, sem o medo de ferir ou de alimentar a vacuidade do que poderia ser uma expectativa, não fossem as expectativas exigirem futuro. Comove-me a persistência do teu esforço numa proximidade que não se compadece da distância e a doce satisfação de quando admites ter saudades. Consentires-me no tempo que foi dado como nosso. Com o teu cheiro, o teu abraço, os teus olhos, os teus ouvidos, a tua boca e o teu coração, salve rainha minha, vida, doçura e esperança. Comove-me a cumplicidade nos pequenos delitos e as mirabolantes histórias que me partilhas. A partilha comove-me. Comove-me o afecto quente e puro, transparente, e eu, a das checklists, estranhamente não me indignar se não souberes o génio de Vergílio Ferreira. Deve significar algo. Comove-me a tua lembrança dispersa e irregular, as diferenças que vais acentuando e que me fazem sentir especial mesmo que já não importe, as provas que já não precisam de denunciar e as reticências que já não polvilham os actos porque são certezas. Comove-me a hipótese do teu sonho num regresso a um mundo que é também meu. E quando acreditas. Amor, deixa-me chamar-te amor. Comove-me o valor de um beijo e o valor de um silêncio sem peso, julgamento ou remorso. A felicidade de ter ter deixado algo bom e duradouro, que te ampare e alente, que te embale e traga paz. Demos tudo e agora, o corpo nu, somos nós. Comove-me pensar seriamente em tudo isto e ouvir-te dizer, troçando, que já não se fazem ex como antes.

Apesar disso, sou eu que sei de Mafalda Veiga ou Sara Tavares. E continuo idiota. 
You're so very special.

Dearly. Yours.

2 comentários:

Jéssica disse...

Eu acho que vi uma heresia. rs


Ficou bonito!
Nunca tinha visto com esses olhos.

Marisa disse...

Tenho um carinho especial por heresias. :p

Obrigada, Jéssica.