Gostar de Mozart

O pensamento sempre adiante e sempre traiçoeiro para os gestos lentos e (co)medidos. Os olhos denunciam tudo, por isso vale olhar pouco e perdidamente. Se querias assim tanto falar-lhe, dizer-lhe que sim, não passa, mas não, vai melhorar, por que não o fizeste? Tempo. Por que não revelar-lhe a surpresa da revelação e a grandeza de o expor assim, mãos abertas na tua frente, quando contigo tudo é pesado e demasiado ponderado? Espaço. Se querias tanto abraça-la naquele momento inesperado e tocares o seu cabelo, por que não o fizeste? Pausa. Talvez a palavra seja mesmo essa, aquela que te disse, a da flexibilidade, que te estranhou o coração mas a que a consciência soube anuir. Por muito que te custe, tal como o passado nos persegue, há nisso verdade. Não precisarias sequer da sua palavra, sempre sensata mesmo que inconsciente de si. Tens em ti todas as provas e todas as justificações. Não procures fora se dentro está. Falta-te a flexibilidade de seres tu.

Sem comentários: