Se os olhares matassem

No fundo acreditas que bem poderias ser esse tipo de pessoa que falam, uma bomba-relógio em vias de um crime passional. A distância é tão curta que chega a assustar. Um telemóvel por um caderno, risos que tu não entendes, disfarces vãos porque toda a gente está a ver, e não és tu, justificação bastante. Tenho um amigo que me ama. Substituta. Controlo. Por que não consegues evitar? Foi aquela pergunta. O seu nome a ocupar todo o espaço e então ela, sabedora de ti, fez a pergunta e tu não respondeste (ou foi claro que não?) mas não mais pudeste esquecer. This woman.

E então lembrar tarefas e telefonemas, as palavras para calar o vazio, as estratégias para evitar o olhar. Porque então deixas de conseguir olhar nos olhos, quase uma sensação de desconforto físico e dizes o que não pensas e pensas o que não dizes, por isso melhor não olhar. Ele, ela maior, ela por causa dele, ela mesma tempos atrás. Quanta gente não conseguiste já tu olhar nos olhos ao longo da tua vida? Comportamento gera comportamento. Comportamento pode magoar, enraivecer, ferir. Gira o seu comportamento. Escolha o seu comportamento. E tu não queres magoar ninguém. Respira, ignora. Porque te incomoda tanto, que tens tu que ver com aquilo? Por que é um roubo resignadamente aceite porque formalmente reconhecido e o outro roubo descarado e por isso censurável? Não te pertence. Don't call me baby.

Estás a voltar atrás, avança. Que raio de ingénuo sonho sonhaste tu? Por que falas ainda em ilusões e desilusões? Se construíste à sua revelia, agora desconstrói. Culpa tua.  Mas por favor não vás, eu aguento, eu supero, passa-me. Queixas-te demais. Porque aquilo não são sinais, mas souvenirs. Não é seres única, mas estares única. Não és tu, mas.

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