O caminho mais longo

Logo surge aquela inevitável pergunta, a de como foi, a do motivo, a do que disseste tu, e acabo sempre atónita e dolorida, soubesse eu explicar. Não haver resposta, gesto, respeito, explicação, sequer um pedido de desculpas. Dos sonhos dementes não se fala. Não se faz. Não gosto porém dos nomes. Recrimino os nomes, dispensáveis. Aconteceu e agora lidar com isso, não prolongar. Não quero mais suportar os não mereces, não merece. Dizê-lo é ressuscitá-lo e o coração já tão arrebentado. Arrebentaste-me o coração. Mas, aparentemente, serei eu a culpada, quase me convences. E, mesmo que esta seja apenas uma versão, a minha, é essa que me importa. A amizade como o limite da complacência, capaz de suportar tudo, capaz de entender tudo, tudo aceitar. Sinónimo de no matter what. 

Preciso muito de me arranjar um motivo que te desculpe para acreditar que a razão não está em mim e caberes ainda no no matter what. Se não voltares, nunca foste.

Cedo, sou sempre eu e sempre fui. A preocupação genuína a embater num troco de pólvora, seco, secamente. Tu não esperarias, vejo-o com uma clareza irritante.  Engana-me ou não me enganes. E percorremos em silêncio o caminho mais longo.

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