Passar a Régua

Quando usaste essa expressão saberias já que eu a iria usar. As frases sonantes que só a mim parecem fazer tanto sentido, nomes de código, a palavra na música, a frase no filme, aquele graffiti de "só o silêncio para calar o amor", os detalhes que trazem cor, portanto, tu já saberias. Gosto que me conheças tão bem, esse sinal de que houve um momento. Sei hoje que nunca poderia viver contigo. E, todavia, não suporto a ideia de nunca mais poder tocar o teu rosto ou cheirar o teu cabelo de jasmim e mirtilho, ouvir-te a cantar quando sais do banho e beijar o teu sorriso torto de desejo. Condições tramadas que tentam os desprevenidos como eu, e não te perdoo porque sabias o que fazias. É que quero os meus amores perto, os de ontem e os de hoje. Tenho-os como se tem um corpo, uma dor ou uma alegria, uma música e uma história. Tenho-os, a não poder sê-los, resgatá-los ou vivê-los, nada mais poder fazer deles senão tê-los como quem guarda tesouros escondidos, preciosos. Dou-te o meu coração, dá-me a tua recordação. Terei, realmente, esse problema de posse mas só porque te quero muito e bem, muito bem. E passar finalmente a régua nesse amor nervoso que um dia carregou o teu nome.

2 comentários:

via disse...

muito bonito.

Marisa disse...

Obrigada, via.
:)