It's not (just) me, it's you

Deitar fora o que em ti não presta, expulsá-lo com palavrões, violência se preciso, para que não apodreça, não contagie, não se espalhe e assim te mate em pus, carne fétida e negra de inferno. Por isso escrever, agora que o coração não pulsa. Sufoco, pressiono, cobro, julgo. Sufoco, pressiono, cobro, julgo. Não repitas novamente para que não endoideças. Cobro, julgo. O estalo dói mais se, desprevenida, não te achares em delito. O corte é mais fundo se o sol brilhar e as flores deitarem ao vento o seu perfume. O sangue correrá espesso se entre a razão dos factos consentidos estiver o ridículo dos falsos pressupostos que afiaram a faca. Será verdade mas tu não mereces que to digam. Esforça-te por não pensar em gratidão, não cedas à tentação de colocar na balança o que continuamente dás e o que recebes, não atires a primeira pedra que quebraria os telhados de vidro, não lembres os rotos e os nús, a perfeição do paternalismo e condescendência, para teu crescimento pessoal, óbvia e unicamente. Mesmo que no final a desculpa das palavras duras, mesmo que os gestos doces de recomeço, a verdade está na tua frente. O teu conceito é diferente.

Valem-te as de sempre e não as das necessidades. Mary girl, mary girl, disseste, ainda que me tenhas partido o coração numa viagem que não estou certa de ter feito. A leopard can't change his spots, lembrar-me-ei. Ou a brutalidade genuína que só aos amigos se permite, ainda que, por vezes, eu não saiba o que fazer disso e prefira não aguentar. O que é que essa pessoa te acrescenta, lembrar-me-ei.

Como bem estava escrito, o ponto final coloca-se no fim.


(e eu tenho é de estudar. passou "Índia" de Roberto Carlos e alguém gritou de dor.  já não era eu.)

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