Lost In

Existe esse ponto de não-retorno, o sítio onde tu já não voltas e a consciência se esforça em censura, mesmo quando te chama o assunto falando de preocupações que tu rapidamente dizes não ter. Está tudo bem para quem mente bem e tudo é dado a quem muito pede. Fugir como a sombra no desinteresse que não tenho. Assim quis, assim receberá. O ponto de não-retorno. Ali não poderão jamais voltar, houve o momento, passou e, mesmo que quisesses, nada será como antes. Nenhuma construção é sólida se construída sob destroços e para nós restava a memória de um dia feliz. Quantas vezes mais esta história, esse eterno retorno ao ponto de não-retorno? Todas (as necessárias), todas (as necessárias), todas.

Rendes-te numa facilidade comovente àquela mulher de vermelho - há a vida a chamar o teu nome no vermelho - , os ténis pouco habituais nela, um reflexo na janela que não era o seu. O tempo ou a saudade atenuam defeitos e tudo te parece encantadora novidade, como antes.  Cedes. Puxa a manta para si, o vento a beijar-lhe o cabelo negro, a sangria fresca entre a vista que vamos tentando decifrar, e o regresso tem um sabor doce que tu queres manter. Enquanto o sol se deita, a manta chegada ao nariz, poderias jurar que ronronou. Sorris em agradecimento. Não retornarás ali.

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