Até ao último dia das nossas vidas: um livro, coisa tão grave

Do primeiro dia de cada ano até ao último dia das nossas vidas. Do minuto em que um livro começa a arder nas nossas mãos até ao momento em que as coisas do Verão vêm ter connosco e incendeiam tudo o que resta - a tarde, o silêncio, a perturbação, as estantes onde o pó adormece à hora do calor, as redes sob as árvores, os arbustos sob os castanheiros, as conversas sobre a eternidade. Do primeiro dia de cada Verão até ao última dia das nossas vidas. Do primeiro ao último livro, do último livro até ao livro que há-de vir, à sua métrica, às suas histórias, à sua ventania, à sua poeira, à sua travessia dos pântanos, das ravinas submersas, dos pórticos, dos monumentos de argila, das romarias nas aldeias, das procissões antigas, do fogo-de-artifício. Até chegar ao seu coração ambulante, à sua alma de almocreve e peregrino. Um livro, coisa tão grave.

na Ler deste mês
(podem oferecer-me a assinatura de prenda de aniversário)

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