Terei sido sempre uma pessoa de cheiros, daquele tipo que nota quando alguém troca de perfume. Um cheiro é sempre uma memória, por isso há perfumes que deixei de usar e outros que não suporto sentir em alguém, simplesmente pela dor da lembrança. Esconde-mo-nos onde podemos e um cheiro é só mais uma alternativa. Sei que foi também por isso e acho sempre piada que te lembres tão melhor que eu. Ainda não eras esta torrente inesperada que me resgatou para o mundo - quão exagerado pode ser o amor, meu deus - e eu terei dito que havia alguém na mesa que cheirava muito bem, sem imaginar que serias tu. De resto, sempre tive o teu perfume em casa e só depois reparei, ridícula coincidência.
Cheiras tão bem, que tenho sempre de me voltar quando passas, tenho sempre de te puxar para perto, beijar-te o pescoço e o cabelo. Penso-te e consigo sentir o teu perfume pela sala. O cheiro da tua pele, o doce e apetecível cheiro da tua pele.
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