Extranjero

Ela falava com o entusiasmo distanciado de quem (se) quer mostrar. Falou dos sítios, dos hábitos, das comidas, das pessoas, ouvi. Mostrou o desprezo (o medo?) do metro, e eu ouvi. Mesmo não tendo metade das vistas que viu, das comidas que comeu, dos sítios que visitou, das pessoas que conheceu, não fui capaz de dizer que sim, eu sabia, também estive lá. Ouvi-a como a uma estrangeira. Não lhe disse que andei de metro, de autocarro, até de carrinha (o nome que não lembro). Acredito eu em tudo o que conto?

(e lembrei os lugares e a cor dos teus olhos, ainda ciente de que nunca te conheci e de que terá sido esta a excentricidade de uma vida. sou muito feliz no que nos ficou, saudade que gosto de ter, como ele canta. perdoa-me a distância, tenho vivido. está tudo bem agora, obrigada, querida. um dia voltarei a São Paulo.)



Lisboa-Porto Alegre.
Lisboa-Minas Gerais.
Lisboa-Fortaleza.

O mundo é cada vez mais meu.

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