Tambor

"Don't you see? I'm Bambi. I'm Bambi, George. If anyone in this situation is a sad little cartoon character, it's me. I'm all alone in the forest, all alone in the forest, George."

As palavras são interesseiras e infiéis. As pessoas estimam-nas muito só porque não as conhecem. Hoje que precisava de uma palavra e ela não veio, hoje que te queria dar a única e não a encontrei. São vadias as palavras, têm uma vontade só sua, amansam-se como cães.

Senti-me pequena na minha idiotice hoje. Eu a falar-lhe de ti, eu a aproveitar-me, eu a envaidecer-me na tua precisão, eu a apaixonar-me nas tuas sílabas, e eu tão ausente, eu tão egoísta, eu tão focada no meu problema que não é problema, eu a sugar vida e luz, a ti Bambi perdida na floresta.

É preciso ser-se muitas cores para dar aos outros um arco-íris. Não sei o que falo, não faço a menor ideia do que quero dizer, mas sei que preciso dizer-te algo, não porque tu precises mas porque sou eu aqui a necessitada. Eu preciso dizer-te algo e a palavra não vem, a ingrata.

Não sei o que possa ser isso mas já vi acontecer a algumas pessoas, não é experiência mas é já algum tipo de conhecimento. Tive muito medo por várias vezes, embora um medo difuso e abstracto, e, mais vezes do que é suposto pensar-se, penso nisso, no que será isso. A minha mãe não sabe o quanto penso nisso. Magoa-me pensar nisso tantas vezes, acredito que seja o medo.

Os meus pensamentos sobre isso, a vaga ideia que tenho sobre o que possa ser isso, não te aliviarão. Talvez demore muito tempo até que possas respirar de novo sem pensar nesse momento. Nós nunca sabemos. A vida é cruel mas a morte é mais. Um dia de cada vez agora, até que volte a ser dia.

Eu serei Tambor, de ti de quem nada sei, para ti para quem sempre serei, Tambor.

Não te largo a mão. 

2 comentários:

B. disse...

Obrigada, mil vezes mais do que eu te sei dizer. Tu não precisas de encontrar a palavra, tu és a palavra.

Anónimo disse...

:')

*

Upp.