O tempo não é um universo, mas uma aldeia.

Desejaria ser um instante que tive e perdi e sê-lo para sempre, como um sinal, uma marca, um símbolo na pedra dizendo que a esculpi eu, sei lá, um código de barras, um bilhete teu
(...)
Gostaria de ser o chiar do baloiço e o riso daquela criança, gostaria de ser para sempre o riso daquela criança, o instante em que se ria e me chamava e tu disseste que gostarias que aquele instante parasse para sempre, ali parasse o tempo e nada mudasse, para sempre o riso da criança, o meu sorriso, as pombas que regressavam, a nuvem branca, o chiar do baloiço, o sol aquecendo lentamente as margens das sombras, e o teu sorriso feliz e triste ao mesmo tempo, gostaria de ser o teu sorriso feliz e triste ao mesmo tempo, gostaria de ser-te, para sempre

Paulo Bandeira Faria, A Despedida de José Alemparte

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