Não pronuncies nenhuma palavra que não seja melhor que o silêncio.

Haverão os dias em que não vou perguntar porque saberei. Não é querer que ultrapasses, não é fazê-lo facto menor e possível, não é acreditar que foi uma interrupção a retomar dentro de instantes. Sei que foi o momento que mudou tudo e que essa lembrança te arderá sempre debaixo da pele, sarça ardente, ardendo. Não te peço que me expliques nem tanto que me digas a verdade. Mas que não se confunda com despreocupação, falta de atenção ou de interesse, não é nada disso. Há perguntas que não sei ou que prefiro não fazer porque a dor é mais forte quando se mexe e remexe no cravo ferrado. Posso não perguntar quando te vejo pensativa e triste, mas que saibas sempre ler a minha mão a apertar a tua, a agarrar um dedo ou a mão toda e que no silêncio nos reconheçamos e saibamos como nós plural.

(hoje, amanhã, durmo contigo.)

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