Uma verdade do céu, celeste

A verdade prepara-la-á, torná-la-á rija, mais forte neste mundo fraco. Talvez chore, dias haverão em que não vai compreender, outros, esses mais difíceis, em que compreenderá mas não vai aceitar, talvez grite e esse grito incendeie as aldeias vizinhas, levante ventos, agite o mar, só sabemos no depois. Ainda que doa, que seja crua e dura como dizem que é, será a verdade. Uma verdade que não tenha cores ou variações delas, transparente, dizem. Uma verdade que seja partida sem largada e fugida, e que fique sem precisar de se aguentar porque é pilar e o espaço todo em volta. A ela, promete-me, daremos sempre e só a verdade.

(contava-me que nunca lhes tinha mentido: as ausências para ganhar a vida, as viagens necessárias, a morte do avô, tal como as plantas ou os animais, também o avô. uma estrela, contou-lhes. quando comprou o carro com o tecto panorâmico, a pedido delas, entendeu que procuravam no céu aquela estrela, apontavam ao alto e viam o avô.)

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