Sucumbes. Talvez desta vez tenhas sido engolida, talvez te tenhas embrenhado demasiado fundo nessa escuridão e acabaste por perder o caminho de volta, estás perdida. Diz o dicionário que desistir é não insistir, não querer continuar, não se pode por isso dizer que desististe, talvez não saibas apenas como insistir ou como continuar. Mas o porquê é mais importante do que o como, repara. Mas eu não sei nada, dirás. Dirás que talvez eu nunca entenda, dirás outras coisas mais e eu baixarei a cabeça em concordância, eu não sei. Mas não vou a lado nenhum.
Que sejas ainda aquela luz a romper o negrume do céu, o teu e o dos outros. Que te deslumbres com o funcionamento do corpo humano, obra-prima de alguém, e maravilhada me contes o processo de ovulação. Que te surpreendas ainda com o simples acto de respirar, o peito a subir e a descer, o tempo pausado entre cada golfada de ar, a naturalidade instintiva desse gesto. Que me fales com entusiasmo da ocitocina e que os angrybirds sejam sempre happybirds na tua boca. Que sorrias ainda daquela forma quando nos queremos e não nos contemos e que os teus olhos sejam um paraíso límpido onde encontro o meu descanso. Que as palavras, estas e outras, e a música sempre a música, sejam ainda um bálsamo que liberta. Que acredites. Que ames. Que vivas.
Direi que tenho saudades tuas e só tu conhecerás a extensão desse significado.
(alguém escreveu aquela música a pensar em ti.)
Sem comentários:
Enviar um comentário