With the good ones on my shoulders I drove the other ones away.

Talvez os hábitos sejam o mais fácil de perder. Quando dei conta, fiz ainda o arroz como antes. Resultou num arroz empapado e sem sabor. Os douradinhos ficaram também queimados. Há momentos em que sinto particularmente a tua falta. Não têm nada a ver com cozinha.

Falava-se da preguiça e tive vontade de lhe falar de ti, dizer que um dia, numa entrevista, disseste que a tua maior qualidade era a preguiça e da vantagem disso porque te obrigava a encontrar maneiras mais rápidas e fáceis de fazer as coisas em comparação com os outros. Uma amiga minha dizia que a principal fonte de amor é a admiração. Hoje não sei se ainda mantém a mesma opinião. Nunca precisei de dizer que te admirava e não sei se alguma vez soubeste. Não é uma coisa que se diga por aí. 

Sei que não é a saudade que te traz. Talvez a curiosidade de me saberes os dias ou apenas uma distracção que aguente os teus. Não sou eu, talvez nem sejas tu. Há mais pessoas assim. Talvez seja só uma amarra que fica e que não se faz notar. Um dia cansas-te e não vens.

Não se pense que me dói. É possível que, sem querer, acabe a pensar em ti. Reprimo cada vez menos as minhas vontades, vai correndo bem. Se nestas linhas vires o teu nome é um propósito que se fez acaso. Mas não dói. É-me natural como começarem e acabarem as pessoas e como haver o ar. És um pensamento embutido e, não o podendo controlar, respiro-o quando me vem, sem pena ou penar. Se te importar, quero dizer-te que não me dói. 

Escrevo como quem fala sozinha. Hoje acordei para isto.

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