São tão frágeis e limitadas estas palavras. Uma pessoa diz obrigada quando recebe o troco ou quando lhe seguram a porta e eu, que só consigo um obrigada, mesmo juntando-lhe agora um muito, seria pouco. Sempre pensei que éramos de espécie diferente dos outros, tu e eu. E, repara, nem era por sermos nós mas por ser eu e por seres tu. Alegro-me de não me ter enganado no que é essencial e de nunca ter duvidado. Quando o reli ontem, vi mágoas e não memórias e entristeci-me com isso. Era preciso que existisse algo flagrante, que ocupasse todo o espaço, para dizer que a culpa não era tua nem de ninguém. Não há culpa ali, tu saberás. Reli-o, e veio uma urgência de emendar essa imagem magoada e desiludida, tão imperfeita. Chamar-lhe-ei "Adenda", quiçá. Fizeste-me amor, vida e palavras, e duvido que se possa fazer melhor do
que isso em alguém. Quem dorme com palavras acorda com palavras, seria tão
evidente apesar de tudo. Aquelas que mais tarde me vieram de ti e que foram tão atormentadas na sua decisão de existirem, são agora livres e leves. Top. Só consigo obrigada, é um facto. Tanto tempo, que só consigo obrigada. Se te encostasses agora ao meu peito ouvirias esta paz. Mesmo sem que chegues a ler isto, tu saberás.
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