Não esperes, quis tantas vezes dizer-te. Se puderes, não esperes nada de ninguém, sabe que és bastante por ti, tudo. És tu todos os homens e todas as mulheres e todas as crianças e todas as aves. Os sonhos, os medos, as vontades, és tu. Quando alguém canta em alta voz, ou adormece a chorar, és também tu. No vento que se agita, quando as folhas dançam e o mar esbraceja a dor de quem fica, vejo-te a ti. Um universo que crias a cada manhã e que se acaba todas as noites quando se fecham os olhos (há um universo inteiro nos teus olhos, se ainda não te disse). Sai por isso a conquistar tudo, o tempo, a solidão, o desejo por todos os dias e todas as vezes, a liberdade de que ela fala. E ainda que a vida se repita nos gestos, nos gostos, nos palpitares tão ansiados, lembra que nada há que possas perder. Recomeças em cada momento. Agora, este.
Sem comentários:
Enviar um comentário