Heart on ou Há quem acorde com felácios e há quem acorde com falácias.

Não é, como pensei durante muito tempo, uma coisa absoluta, mas uma coisa cheia de relatividades e fragmentos, própria a cada um. Não é abstracta, não o “tu” a que atribuí tantas palavras e sonhos, mas é antes o que há de concreto num desejo, uma coisa com nome e medos e vontades. Não é do geral mas do detalhe particular, é do gesto e da realidade de cada dia. Não é uma ideia mas é um princípio, não é um fim mas é um princípio, não é pr’amanhã se é o que se sente hoje. Não é omnipotente como vem nas histórias, é cheio de percalços e mal-entendidos, não supera tudo porque não pode tudo mas faz o que pode, faz se pode. Não é eterno, tem início, meio e fim. Não é uma comunhão, uma união ou outras palavras que rimam com colonização, não é um mais um igual a um, é só um mais um que é igual a um mais um e está tudo bem com isso. Não é alienação, metades ou complementos, não é o encaixe alinhado de qualidades e defeitos, vales e relevos, mas atritos e choques, excessos e lacunas, uma imperfeição que se aceita. Não é uma conversa ininterrupta, frases que se completam, mas o silêncio suportável. Não é a necessidade, a dependência, viver por isso, mas o respeito, a liberdade, viver com isso. Não é o que pensei durante muito tempo, mas o que sinto por tua causa, à tua custa, contigo.

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