Eu não estou a julgar mas

“Julgar” adquiriu um peso pejorativo que não entendo. Haverão de afiançar-te de imediato que não te estão a julgar, só estão a ser sinceros. Reconhecer o julgamento é um acto envergonhado que ninguém quer assumir, filho de pai incógnito. Já a sinceridade é alardeada como filha pródiga de que todos se orgulham. Repara, porém, que não é a sinceridade mais do que a defesa precipitada de quem julga, gesto que o ilibe de qualquer acusação. Repara, sobretudo, que a competência de julgar é tão desleixada como o bom senso, que se aceita como óbvio e afinal falha a tantos. Com mais ou menos habilidade, ninguém é de julgar mas todos julgamos. A cobardia do julgamento chama-se sinceridade.

1 comentário:

Nikkita disse...

Nunca tinha visto as coisas por essa perspectiva... Mas sim, é verdade..