Vem buscar a tua ausência antes que passe.

Depois fica a sobrar-me sempre para as horas de tédio e vazio aquele momento de ambiguidade irresolúvel. Não sei se é o perfume que evoca a tua memória ou se é a memória que evoca o teu perfume. Na aceitação de tudo o que nos é reservado, seja como destino ou como ocultação, prolongo a dúvida até que se queira esgotar por si. Enquanto puder, que não se dissocie, que não se esclareça. Que desabe na dobra da pele e para dentro do corpo, que inunde tudo sem misericórdia ou expectativa, que cubra até o que em mim se acorda mais remoto. Porque o perfume, não o teu mas em ti, é coisa de me acordar, de me acender, de te trazer.

Sem comentários: