There's a bluebird in my heart that wants to get out.

Era preciso um tempo para o descanso dos corpos, primeiro. Um tempo para a preguiça desleixada e tão convidativa, também. Um tempo para a habituação das texturas, formas e tamanhos porque nunca se sabe se a pele não ganhou outra tez, um cheiro novo a revisitar. Um tempo ainda para a harmonização das vontades, saber ler o que foi deixado para ser lido e os outros sinais de vida própria e independência, conhecer os limites da intrusão para assim poder ludibriar o medo da rejeição, escapar ao consentimento forçado pelo hábito ou pela fragilidade das altas horas, porventura. Era preciso que fosses tu, que fosse eu, e que não se tratasse de novo de um engano. Todos os tempos eram então necessários e todos tinham o seu momento certo de serem, um pouco como ela contava sobre as idades. O tempo podia faltar ou sobrar mas não se perdia nunca, era o que pensava enquanto lhe olhava a boca tão definida, tão apetecida, a sua boca de saciar, o lugar mais puro do corpo, a sua boca. Esperava, por isso. Só mais um pouco, mas já muito pouco, antes que o tempo não chegasse. Só mais este instante. Talvez tu ainda chegasses.

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