Filho és, pai serás.

Podem envergonhar-te os comportamentos, aterrorizar-te as mentalidades. Disseste que serias diferente. Melhor. Disseste que nunca agirias assim, que não percebias a inutilidade e infância daquelas razões, a mesquinhez das palavras mais raras e cruas. Disseste que nunca haverias de coincidir naquelas prioridades e que o amor era o que se punha na comida e na roupa, mas também nas cedências e regras, nos costumes e nos dizeres. Disseste muita coisa. Melhor, disseste.

Afastas-te o suficiente para criar uma distância que seja de segurança e de vigia, o ponto em que a vista, não sendo de detalhe, possa ser agradável. Partes, ignorando o nome, a casa, o dia. Depois, ao primeiro tropeço, repetes os gestos mais desprezados, descobres as mesmas expressões no rosto, dás por ti a seguir uma ordem que não entendes, começas sempre por dobrar as toalhas de banho.

Melhor, disseste. Mas não podes fugir de quem és.

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