Sabe bem voltar-te a ver.

há instantes em que poderíamos acreditar em tudo, até no impossível. há certezas que nos afundam em precipícios e há incertezas que nos resgatam e guiam os passos de cada regresso. há razões no meu querer, o mesmo que me toa qualquer razão. há utopias que nasceram para serem apenas perfeitas e histórias que se fizeram para um dia serem lembradas com o tempo e a ternura da saudade. há dores que nos prendem e abrigam  hesitações e há sorrisos desequilibrados em olhares capazes de nos equilibrar o universo inteiro. há gestos que são palavras que saem seguras de uma boca calada, filhas que nos confirmam em outras pessoas nalgum lugar longínquo, e há canções que nos lêem e nos dizem e nos abraçam. há dias em que duvido da eternidade que apregoam mas defenderia com todas as falhas a hipótese do amor, a liberdade que não se troca porque só se ganha. Há manhãs em que não sei dizer nada porque já não consigo conter mais a vida neste peito pequeno, os caminhos tantos. há pessoas que são feitas de sonho e vontade, sentimentos ao alto mas pés no chão, arriscar pouco para errar pouco. e há instantes como este, em que poderíamos acreditar em tudo, até na paz dum engano que se escutasse em acústico, em directo e sem outras versões. este instante em que poderia acreditar que a realidade era isto, este instante. quando era possível acreditar em tudo, até na realidade.

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