Os homens fazem casas, as mães fazem lares.

Este é um sentimento a prazo, em que vou poupando o máximo para, em breve, partir com o máximo. Não quero desperdiçar nada, aproveito tudo, invisto tudo. Tem um tempo de acontecer, uma validade que importa respeitar para que não azede, juros que não quero perder na tentação dos levantamentos antecipados. Usamo-nos de medidas diferentes, a minha uma contagem decrescente, a tua uma contagem que não pára, a vida quase aí. Há quem seja infantil nos seus sentimentos e há quem seja infantil nas suas dores. Quando a minha primeira dor rolou para a almofada, tu não reparaste e eu preferi que assim fosse. É uma dor consentida, conhecida e impotente, e sobre essas adianta pouco que nos queixemos. Quando cair, escalabardado, não serei eu, mas sei que a maturidade do futuro encontrará o meu lugar, tão certo e planeado. A liberdade do amor é cheia de renúncias, bem o sei, e nenhum milagre é maior do que o da natureza. Quando este sentimento a prazo atingir a sua maturidade e a felicidade te abraçar em cada regresso a casa, todos os rascunhos estarão cumpridos. Não sobrará nenhuma dor e seremos ricas.

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