A imaginária linha oblíqua do apêndice.

É preciso imaginação e uma assombrosa capacidade de confiar totalmente, metade fé, metade absurdo. Constroem teorias e metodologias na areia do vazio. Apregoam um cientificismo que é, por natureza, artificial. Chamam rigor, previsibilidade e sucesso, sem repararem que tudo é um factor crítico do acaso. Cantarolam as boas práticas, sem notarem que dormem sobre pressupostos. Sorte. Defendem decisões em intervalos de probabilidade, sem perceberem que estão no escuro. O abstracto seduz, a roleta rola, alguém acredita e aposta tudo. Preferimos uma mentira forte a uma verdade fraca. Preferimos que nos convençam, a que nos esclareçam. Lidamos muito mal com a ideia de aleatoriedade, aquela falta de controlo, a rede ausente debaixo dos pés. Somos sonâmbulos à mercê duma qualquer voz, a que melhor saiba argumentar e persuadir. Talvez o maior perigo não seja a ignorância mas o que se toma por verdadeiro. Só saberemos o que não sabemos quando finalmente soubermos.

Sem comentários: