Dos problemas enquanto falácias lógicas.

Sendo difícil, a vida é porém simples. As coisas são como são e uma interpretação raramente coincide no facto. Virtualmente, todos os problemas são falsos e só a morte é problema sem solução. Há tantos caminhos, como disseste. No egocentrismo de quem não é capaz de se olhar em perspectiva, inventamos não poucas vezes problemas que não estão lá. Na estranha dificuldade de nos afastarmos de nós mesmos e relativizar, ignoramos possibilidades que seriam óbvias. Quando disse que não tinha problemas, pasmaram de assombro, surpreendidos. Pediram-lhe que olhasse melhor, mais fundo, de certeza que haveria um problema, alguma coisa a curar, alguém a perdoar. Afinal, toda a gente tem problemas. Não o conseguiam acreditar que ela, na sua pronta determinação, se anunciasse sem problemas, nem ao menos um pequenino. Também eles, em face do simples, procuraram complicar como se, por ser simples, fosse incompleto ou desconecto da realidade. Não admitiam que se pudesse tratar um tema tão complicado de uma forma tão simples. A simplicidade parece-lhes a eles complexa.

Nos momentos de desassossego, volto ao meu amor pelas coisas simples como o caminho mais certo para o que se sabe importante. Olho o que se tatua na carne para melhor me lembrar, sempre do lado esquerdo porque é esse o lado do coração, como me ensinaste. Nas aves que me voam do braço, guardei para sempre essa lição. Dizem-me de partidas e regressos, dizem-me a liberdade, a simplicidade, o amor, tão perto umas coisas das outras. O teu nome, aquele. Quando me desassossego, é sempre ali que volto. Amar o destino como ele é, simplesmente, e encontrar aí todas as soluções.

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