Não são os objectos, as cartas, as fotografias, os postais, nem os vídeos. São as memórias. As que vivem contigo, as que te matam, as que te mudam, as que te fazem. A primeira queda a sério, uma ou outra humilhação e um ou outro sucesso, as mágoas, o primeiro beijo, o dia em que tiraste a carta, o dia em que se conheceram, todas as mortes, a primeira vez, a última vez, aquela discussão, as palavras que ficaram para ser eternas, o reencontro nos olhos límpidos dela, as viagens, os cheiros, os gostos, as vozes, o toque, as cores, os sentimentos que um dia foram, as piadas mais parvas mas que eram as vossas, as histórias, a História, as canções, o primeiro riso, o primeiro choro, o primeiro dia de escola, o dia perfeito, o dia mais triste da tua vida, o dia que fez os outros. São as memórias.
As memórias que te pertencem porque foste tu que as fizeste. As memórias que te pertencem porque tas fizeram em ti. E também as memórias que tu não pediste mas que não consegues apagar, outras que tu inventaste e que não te saem agora da cabeca. És memória e esquecimento, equilíbrio de paz e dor. Podes acumular honras, dinheiros, factos, pessoas, mas contigo só levarás memórias. Escolhe com cuidado aquelas que queres fazer e ainda com mais cuidado aquelas que queres guardar.
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