A vida serve-se quente.

Há dias que são cedo demais para escrever. Escrever é sempre um acto incerto que tanto pode servir para afastar o medo como para melhor o chamar, escorrega-se como se anda. Cada palavra é então um desafio a bramar em voz alta o que peito guarda em surdina, momento doloroso de confissão e de remissão que a noite consola mas não termina. Porque há paragens onde não nos devemos deter, vistas que são de olhar uma vez e seguir em frente, chão onde não podemos parar mas antes passar depressa antes que desabe. Porque as memórias são precárias mas o futuro é mais. Em cada linha, escrevo a tradução pronta duma catástrofe.

Sem comentários: