S03E12: Are you afraid he's coming? Or are you afraid he's not?

Foi uma cena de aeroporto, como faria sentido ser. Todos os aeroportos são lugares de verdade. Se alguém se dignasse ir a um a esta hora da tarde, seria difícil encontrar uma mentira que fosse. Nos aeroportos só há verdade. A cada partida e a cada chegada, a sua verdade. Ele, quase alcançando a sua, desiste então. O último minuto, sempre o decisivo, e ele desiste. É verdade que nunca sabemos qual o momento que nos mudaria a vida, podemos passar-lhe ao lado e continuar toda a vida ignorantes, a culpar uma infelicidade que não soubemos decifrar a tempo, a porta que, distraídos, não vimos, a estrada que o medo não desviou.

São então os olhos que se baixam e a voz, ainda mais baixa, é agora quase envergonhada. Acabou. Acabou-se. Foi demasiado lento, demasiado tarde. Não é por não ter dito as palavras que ele queria ouvir que ela disse as palavras que ele não queria ouvir, mas uma pessoa depreende, imagina, teme e sucumbe, porque nem mesmo um sim chega para ser um sim e um não para ser um não, quanto mais todas as outras palavras, o que se diz no que não se diz, o que não se diz, dizendo. Há uma distância inarrável que vai de mim a ti, daquele homem àquela mulher, e de nós àquela pessoa. Cada um é apenas uma margem. Não sabemos por isso o que se passou subitamente na sua mente, ainda que se escute uma triste música de fundo a ocupar o espaço.

Dizem que a força não está no número de golpes que se desfere mas no número de golpes que se aguenta. Dizem que não é possível medir forças com a vida e que por isso não é como a atacas mas como lhe resistes. Foi este o final e as razões persistirão insondáveis. Se foi medo da rejeição ou cansaço, não sabemos. Se foi aceitação ou liberdade, o seu gesto mais cobarde ou o seu gesto mais altruísta, são estas, ainda assim, nada mais do que suspeitas. No final do episódio, a cena do aeroporto, aquele era apenas um homem triste e eu apenas alguém com esperança.

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